A aprendizagem da matemática, junto com a leitura e a escrita, constituem os maiores desafios dos alunos nos primeiros anos de escolaridade. Entretanto, freqüentemente, encontramos alunos que apresentam dificuldades durante este caminho. Podemos encontrar, mais eventualmente, alunos que, apesar de seus esforços, não conseguem superar tais dificuldades, apresentando dificuldades persistentes e, que em maior grau, podem caracterizar um transtorno de aprendizagem.
O que são os transtornos de matemática? É um transtorno raro? É uma dificuldade específica para compreender e aprender matemática. Afeta a capacidade do indivíduo de operar com os números e de calcular de forma rápida e precisa. É um transtorno tão raro quanto à dislexia, as estimativas apontam uma variação entre 5 a 8% da população geral.
Quais são os principais sintomas? Pais e professores podem estar atentos a uma série de sinais, entretanto, é importante salientar que a presença de alguns destes sintomas não necessariamente determina o diagnóstico, que deverá ser feito por profissionais habilitados. - Permanece utilizando a estratégia contar todos (por exemplo, em 3 + 5, conta 1,2,3...4,5,6,7,8) em séries mais avançadas (após a 4ª série); - Dificuldade em armazenar e recuperar fatos básicos, que podem ser da adição, subtração, divisão e multiplicação (tabuada); - Dificuldade em alinhar os numerais nas contas verticais; - Dificuldade em entender e lembrar os diferentes procedimentos sequenciais em cálculos com números multidígitos. - Dificuldade em entender e utilizar conceitos, fórmulas. O aluno parece entender o problema enquanto o professor está demonstrando, mas quando ele próprio precisa utilizar o conceito, ele fica confuso e a informação não pode ser recuperada. - Inconstância no desempenho em cálculos aritméticos. Em momentos sabe e em outros não consegue fazer sozinho. - Dificuldade em realizar um cálculo mental. - Inicia o cálculo pelo lugar errado. - Dificuldade com o entendimento do valor posicional. - Dificuldade em entender símbolos aritméticos. - Dificuldade em ler números, podendo transpor, por exemplo diz 56 para 65.
É possível determinar prováveis causas? As causas precisas ainda são desconhecidas, o que tem provocado a discussão acerca da influência de fatores genéticos e/ou ambientais no seu desenvolvimento. Alguns estudos genéticos concluíram que a discalculia, assim como outros Transtornos de Aprendizagem, tem um componente familiar significativo, sugerindo o papel da genética na evolução desse transtorno. O uso de álcool durante a gravidez tem sido apontado como outro possível fator causal. Entretanto, alguns componentes ambientais tem se mostrado relacionados: características dos estudantes (falta de motivação, por exemplo), papel do professor, problemas com a prática instrutiva e com o currículo escolar, contexto no qual a criança aprende e ansiedade à aprendizagem da matemática. Assim, parece que tanto fatores internos do sujeito como ambientais e, sobretudo, como esses fatores interagem entre si, podem justificar a presença da dificuldade.
Quem pode dar este diagnóstico? O diagnóstico ainda é clínico, ou seja, é avaliado o desempenho matemático do aluno, se esse está acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica e a inteligência medida e é descartada a presença de outros transtornos que podem justificar a dificuldade matemática. Importante comentar que geralmente este diagnóstico só é fechado de forma definitiva após a 3ª série, antes disso podem ser dificuldades evolutivas do processo ensino-aprendizagem. Como é um diagnóstico baseado na exclusão de outros transtornos, é importante que seja realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por: - psicopedagogo: para avaliar o desempenho matemático; - psiquiatra/psicólogo: para avaliar condições emocionais; - neurologista: para avaliar questões neurológicas/orgânicas; - neuropsicólogo: para avaliar funções cognitivas e potencial de inteligência.
Entretanto, na prática, quando todos esses profissionais não trabalham num centro multidisciplinar, fica complicado os pais recorrerem a tantos profissionais. Uma boa sugestão, quando há suspeita de um transtorno de matemática, é iniciar a avaliação pela psicopedagogia e pela neuropsicologia. Após estabelecido o diagnóstico, o acompanhamento da criança vai depender da severidade e características do transtorno, mas, na maioria das vezes, é realizado pelo psicopedagogo.
Esse transtorno pode ser prevenido? Até o momento não sabemos como prevenir. As pesquisas já têm apontado a possibilidade de identificação precoce dos transtornos de matemática. Quando essa identificação precoce estiver melhor estabelecida a escola poderá organizar situações de ensino que amenizem o transtorno e as repercussões que ele traz para a vida dos alunos afetados. Se conseguirmos proporcionar ajudas específicas que amenizam ou até mesmo resolvam o problema, talvez possamos prevenir pelo menos nas crianças em situação de risco.
O transtorno de matemática pode vir acompanhado do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade? O Transtorno de matemática também está associado a transtornos comportamentais, tais como o TDAH e, novamente, não se sabe se estes alunos apresentam dois transtornos distintos ou se as dificuldades observadas na matemática são causadas pela dificuldade em manter a atenção (e vice-versa). É provável que existam habilidades cognitivas comuns aos dois transtornos e que estas habilidades estejam prejudicadas. Há indicações claras de que a memória de trabalho é uma destas habilidades. Há outros transtornos que também são associados ao transtorno de matemática, como a dislexia, a Síndrome de Turner e de Williams.
Quais as conseqüências futuras para alunos diagnosticados com transtorno de matemática na infância? Para essas pessoas o conjunto de situações cotidianas nas quais estão envolvidas tarefas matemáticas torna-se difícil, situações como o uso do dinheiro, realização de estimativas de tempo, proporcionalidade etc...Assim, muitos adultos com transtorno de matemática aprendem a compensar suas fraquezas com o número, por exemplo, usando a calculadora ou até mesmo evitando situações como as mencionadas anteriormente.
O que o professor pode fazer para auxiliar tais alunos? Há varias adaptações que podem ser feitas para amenizar o sofrimento destes alunos nas aulas de matemática, como por exemplo: - Proporcionar maior uso de recursos de apoio (dedos, material concreto, traços) - Disponibilizar tempo extra para resolver exercícios e até mesmo testes. - Permitir o uso da calculadora. - Durante cálculos que necessitam de tabuada, deixar que olhem a tabuada. - Desmembrar tarefas matemáticas complexas em pequenos passos, que permitam a resolução em etapas. - Dispensar atendimento individualizado que permita observar todo o processo de construção dos conteúdos.
Entendemos que a identificação precoce de alunos com transtorno de matemática é extremamente importante, pois só assim poderemos planejar situações de ensino e intervenções adequadas e mais eficientes, minimizando o impacto na vida acadêmica e social de tais crianças.
O que são os transtornos de matemática? É um transtorno raro? É uma dificuldade específica para compreender e aprender matemática. Afeta a capacidade do indivíduo de operar com os números e de calcular de forma rápida e precisa. É um transtorno tão raro quanto à dislexia, as estimativas apontam uma variação entre
Quais são os principais sintomas? Pais e professores podem estar atentos a uma série de sinais, entretanto, é importante salientar que a presença de alguns destes sintomas não necessariamente determina o diagnóstico, que deverá ser feito por profissionais habilitados. - Permanece utilizando a estratégia contar todos (por exemplo, em 3 + 5, conta 1,2,3...4,5,6,7,8) em séries mais avançadas (após a 4ª série); - Dificuldade em armazenar e recuperar fatos básicos, que podem ser da adição, subtração, divisão e multiplicação (tabuada); - Dificuldade em alinhar os numerais nas contas verticais; - Dificuldade em entender e lembrar os diferentes procedimentos sequenciais em cálculos com números multidígitos. - Dificuldade em entender e utilizar conceitos, fórmulas. O aluno parece entender o problema enquanto o professor está demonstrando, mas quando ele próprio precisa utilizar o conceito, ele fica confuso e a informação não pode ser recuperada. - Inconstância no desempenho em cálculos aritméticos. Em momentos sabe e em outros não consegue fazer sozinho. - Dificuldade em realizar um cálculo mental. - Inicia o cálculo pelo lugar errado. - Dificuldade com o entendimento do valor posicional. - Dificuldade em entender símbolos aritméticos. - Dificuldade em ler números, podendo transpor, por exemplo diz 56 para 65.
É possível determinar prováveis causas? As causas precisas ainda são desconhecidas, o que tem provocado a discussão acerca da influência de fatores genéticos e/ou ambientais no seu desenvolvimento. Alguns estudos genéticos concluíram que a discalculia, assim como outros Transtornos de Aprendizagem, tem um componente familiar significativo, sugerindo o papel da genética na evolução desse transtorno. O uso de álcool durante a gravidez tem sido apontado como outro possível fator causal. Entretanto, alguns componentes ambientais tem se mostrado relacionados: características dos estudantes (falta de motivação, por exemplo), papel do professor, problemas com a prática instrutiva e com o currículo escolar, contexto no qual a criança aprende e ansiedade à aprendizagem da matemática. Assim, parece que tanto fatores internos do sujeito como ambientais e, sobretudo, como esses fatores interagem entre si, podem justificar a presença da dificuldade.
Quem pode dar este diagnóstico? O diagnóstico ainda é clínico, ou seja, é avaliado o desempenho matemático do aluno, se esse está acentuadamente abaixo do nível esperado, considerando a idade cronológica e a inteligência medida e é descartada a presença de outros transtornos que podem justificar a dificuldade matemática. Importante comentar que geralmente este diagnóstico só é fechado de forma definitiva após a 3ª série, antes disso podem ser dificuldades evolutivas do processo ensino-aprendizagem. Como é um diagnóstico baseado na exclusão de outros transtornos, é importante que seja realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por: - psicopedagogo: para avaliar o desempenho matemático; - psiquiatra/psicólogo: para avaliar condições emocionais; - neurologista: para avaliar questões neurológicas/orgânicas; - neuropsicólogo: para avaliar funções cognitivas e potencial de inteligência.
Entretanto, na prática, quando todos esses profissionais não trabalham num centro multidisciplinar, fica complicado os pais recorrerem a tantos profissionais. Uma boa sugestão, quando há suspeita de um transtorno de matemática, é iniciar a avaliação pela psicopedagogia e pela neuropsicologia. Após estabelecido o diagnóstico, o acompanhamento da criança vai depender da severidade e características do transtorno, mas, na maioria das vezes, é realizado pelo psicopedagogo.
Esse transtorno pode ser prevenido? Até o momento não sabemos como prevenir. As pesquisas já têm apontado a possibilidade de identificação precoce dos transtornos de matemática. Quando essa identificação precoce estiver melhor estabelecida a escola poderá organizar situações de ensino que amenizem o transtorno e as repercussões que ele traz para a vida dos alunos afetados. Se conseguirmos proporcionar ajudas específicas que amenizam ou até mesmo resolvam o problema, talvez possamos prevenir pelo menos nas crianças em situação de risco.
O transtorno de matemática pode vir acompanhado do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade? O Transtorno de matemática também está associado a transtornos comportamentais, tais como o TDAH e, novamente, não se sabe se estes alunos apresentam dois transtornos distintos ou se as dificuldades observadas na matemática são causadas pela dificuldade em manter a atenção (e vice-versa). É provável que existam habilidades cognitivas comuns aos dois transtornos e que estas habilidades estejam prejudicadas. Há indicações claras de que a memória de trabalho é uma destas habilidades. Há outros transtornos que também são associados ao transtorno de matemática, como a dislexia, a Síndrome de Turner e de Williams.
Quais as conseqüências futuras para alunos diagnosticados com transtorno de matemática na infância? Para essas pessoas o conjunto de situações cotidianas nas quais estão envolvidas tarefas matemáticas torna-se difícil, situações como o uso do dinheiro, realização de estimativas de tempo, proporcionalidade etc...Assim, muitos adultos com transtorno de matemática aprendem a compensar suas fraquezas com o número, por exemplo, usando a calculadora ou até mesmo evitando situações como as mencionadas anteriormente.
O que o professor pode fazer para auxiliar tais alunos? Há varias adaptações que podem ser feitas para amenizar o sofrimento destes alunos nas aulas de matemática, como por exemplo: - Proporcionar maior uso de recursos de apoio (dedos, material concreto, traços) - Disponibilizar tempo extra para resolver exercícios e até mesmo testes. - Permitir o uso da calculadora. - Durante cálculos que necessitam de tabuada, deixar que olhem a tabuada. - Desmembrar tarefas matemáticas complexas em pequenos passos, que permitam a resolução em etapas. - Dispensar atendimento individualizado que permita observar todo o processo de construção dos conteúdos.
Entendemos que a identificação precoce de alunos com transtorno de matemática é extremamente importante, pois só assim poderemos planejar situações de ensino e intervenções adequadas e mais eficientes, minimizando o impacto na vida acadêmica e social de tais crianças.
Adriana Corrêa Costa, fonoaudióloga e psicopedagoga clínica, doutoranda em educação. O tema de sua pesquisa é avaliar a eficácia de um programa de ensino de fatos básicos da aritmética para alunos diagnosticados com TDAH.
Beatriz Vargas Dorneles, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP. Orienta dissertações e teses sobre o tema da aprendizagem da matemática inicial no Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação da UFRGS.
Beatriz Vargas Dorneles, doutora
http://www.plenamente.com.br/artigo/88/-que-sao-os-transtornos-matematica-adriana.php#.UT3b8ByG2y8