DISCALCULIA - O QUE É?
A matemática para algumas
crianças ainda é um bicho de sete cabeças. Muitos não compreendem os problemas
que a professora passa no quadro e ficam muito tempo tentando entender se é
para somar, diminuir ou multiplicar; não sabem nem o que o problema está
pedindo. Alguns, em particular, não entendem os sinais, muito menos as
expressões. Contas? Só nos dedos e olhe lá.
No entanto, em outros casos a
dificuldade pode ser realmente da criança e trata-se de um distúrbio e não de
preguiça como pensam muitos pais e professores.
Em geral, a dificuldade em
aprender matemática pode ter várias causas, dentre elas a discalculia.
A discalculia é um distúrbio
neurológico que afeta a habilidade com números. É um problema de aprendizado independente,
mas pode estar também associado à dislexia. Tal distúrbio faz com que a pessoa
se confunda em operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, sequência
numéricas, ao realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da
matemática no dia-a-dia.
Pode ocorrer como resultado de
distúrbios na memória auditiva, quando a pessoa não consegue entender o que é
falado e consequentemente não entende o que é proposto a ser feito, distúrbio
de leitura quando o problema está ligado à dislexia e distúrbio de escrita
quando a pessoa tem dificuldade em escrever o que é pedido (disgrafia).
É muito importante buscar
auxílio para descobrir a discalculia ou não no período escolar quando alguns
sinais são apresentados, pois alguns alunos que são discalcúlicos são chamados
de desatentos e preguiçosos quando possuem problemas quanto à assimilação e
compreensão do que é pedido.
Também é de grande importância
ressaltar que o distúrbio neurológico que provoca a discalculia não causa
deficiências mentais como algumas pessoas questionam. Por Gabriela Cabral
Equipe Brasil Escola
Na área da neuropsicologia as
áreas afetadas são:
ü Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta
a leitura e compreensão dos problemas verbais, compreensão de conceitos matemáticos;
ü Lobos
frontais dificultando a realização de cálculos mentais rápidos, habilidade de
solução de problemas e conceitualização abstrata.
ü Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos
dificultando a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.
ü Lobo
temporal esquerdo dificultando memória de séries, realizações matemáticas
básicas.
TIPOS DE DISCALCULIA
1. Discalculia
Verbal - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os
termos, os símbolos e as relações.
2. Discalculia
Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos
reais ou em imagens matematicamente.
3. Discalculia
Léxica - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
4. Discalculia
Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
5. Discalculia
Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de
conceitos matemáticos.
6. Discalculia Operacional -
Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.
Os processos cognitivos
envolvidos na discalculia são:
ü Dificuldade na memória de trabalho;
ü Dificuldade de memória em tarefas não verbais;
ü Dificuldade na soletração de não palavras (tarefas de
escrita);
ü Não há problemas fonológicos;
ü Dificuldade na memória de trabalho que implica
contagem;
ü Dificuldade nas habilidades visuoespaciais;
ü Dificuldade
nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.
QUAIS OS COMPROMETIMENTOS?
ü
Organização espacial;
ü Autoestima;
ü Orientação temporal;
ü Memória;
ü Habilidades sociais;
ü Habilidades grafomotoras;
ü Linguagem/leitura;
ü Impulsividade;
ü Inconsistência
(memorização)
O QUE OCORRE COM CRIANÇAS QUE NÃO SÃO TRATADAS
PRECOCEMENTE?
ü Comprometimento do desenvolvimento escolar de forma
global
ü O aluno fica inseguro e com medo de novas situações
ü Baixa autoestima devido a críticas e punições de pais
e colegas
ü Ao
crescer o adolescente / adulto com discalculia apresenta dificuldade em
utilizar a matemática no seu cotidiano.
CARACTERÍSTICAS DO DISCALCULICO
ü Lentidão extrema da velocidade de trabalho, pois não
tem os mecanismos necessários. (tabuada decorada, sequências decoradas)
ü Problema com orientação espacial: não sabe posicionar
os números de uma operação na folha de papel, gasta muito espaço, ou faz contas
“apertadas” num cantinho da folha.
ü Dificuldades para lidar com operações (soma subtração,
multiplicação, divisão)
ü Dificuldade de memória de curto prazo (tabuadas (muita
carga para a memória), fórmulas.)
ü Não automatiza informações –memória de trabalho-
(armazenar e buscar o que foi ensinado).
ü Dificuldade de memória de longo prazo (esquece o que é
para fazer de lição) Dificuldade em lidar com grande quantidade de informação
de uma vez só.
ü Confusão de símbolos ( = + - : . < >)
ü Dificuldade para entender palavras usadas na descrição
de operações matemáticas como “diferença”, “soma”, “total”,” conjunto”, “casa”,
“raiz quadrada”.
ü Tendência a transcrever números e sinais erradamente ,
quando desenvolvendo um exercício como uma expressão, por exemplo. Isso é
devido ao seu problema de sequênciação.
ü Alguns
problemas associados com a discalculia provém das dificuldades com processamento
de linguagem e sequências, característico da dislexia.
ü A criança com discalculia pode ser capaz de entender
conceitos matemáticos de um modo bem concreto, uma vez que o pensamento lógico
está intacto, porém tem extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos
matemáticos, fórmulas, e enunciados.
ü Ela é capaz de compreender a matemática representada
simbolicamente ( 3+2=5 ),
ü Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto
maior;
ü Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é
igual a quatro pacotes de 250 gramas.
ü Sequenciar números: o que vem antes do 11 e depois do
15 – antecessor e sucessor.
ü Classificar números.
ü Compreender os sinais +, - , ÷, ×.
ü Montar operações.
ü Entender os princípios de medida.
ü Lembrar as sequências dos passos para realizar as
operações matemáticas.
ü Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o
número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
ü Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.
ü Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e
oeste) e pode também ter dificuldade com um compasso.
ü A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.
ü Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental,
etc.
ü Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria,
que requerem a lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que
requer cálculos seja necessário.
ü Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem
do tempo.
ü Dificuldade com tarefas diárias como verificar a
mudança e ler relógios analógicos.
ü A inabilidade de compreender o planejamento financeiro
ou incluir no orçamento, nivela às vezes em um nível básico, por exemplo,
estimar o custo dos artigos em uma cesta de compras.
ü Tem
dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância.
ü Inabilidade em apreender e recordar conceitos
matemáticos, regras, fórmulas, e sequências matemáticas.
ü Dificuldade de manter a contagem durante jogos.
ü Dificuldade nas atividades que requerem processar sequencias
(etapas de dança), sumário (leitura, escrita, sinalizar na ordem direita). Pode
ter problema mesmo com uma calculadora, devido às dificuldades no processo da
alimentação nas variáveis.
ü A
circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de
dispositivos matemáticos (por exemplo números).
DICAS PARA O PROFESSOR
ü Evitar ressaltar as dificuldades do aluno,
diferenciando-o dos demais;
ü Evitar mostrar impaciência com a dificuldade
expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar
o que ela quer dizer completando sua fala;
ü Evitar corrigir o aluno frequentemente diante da
turma, para não o expor;
ü Evitar ignorar a criança em sua dificuldade.
ü Não force o aluno a fazer as lições quando estiver
nervoso por não ter conseguido;
ü Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali
para ajudá-lo sempre que precisar;
ü Proponha jogos na sala;
ü Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;
ü Procure usar situações concretas, nos problemas.
ü Os jogos irão ajudar na seriação, classificação,
habilidades psicomotoras, habilidades espaciais, contagem.
ü O uso do computador é bastante útil, por se tratar de
um objeto de interesse da criança.
ü Fazer uso de calculadora,
ü Fazer uso de tabuada,
ü Fazer
uso de caderno quadriculado;
ü Realizar questões diretas e se ainda tiver muita
dificuldade, o professor ou colega de trabalho pode fazer seus questionamentos
oralmente para que o problema seja resolvido.
ü Estimular a inteligência lógico matemática através de
jogos com a utilização de matérias de fácil aquisição (garrafas pets, madeira,
fitas, jogos, quebra-cabeça etc),
ü Permita-o manusear os objetos, classificando-os em
conjuntos, que abotoa sua roupa e percebe simetria, que amarra seu sapato e
descobre os percursos do cadarço, mas também a que “arruma” sua mesa ou sua
mochila está construindo relações, ainda que não seja a mesma lógica que “faz
sentido ao adulto
ü Utilizar
jogos para fixar a conceituação simbólica das relações numéricas e geométricas
e que, portanto, abrem para o cérebro as percepções do “grande” e do “pequeno”,
do “fino” e do “grosso”, do “largo” e do “estreito”,o “alto” e do “baixo”.
O discalcúlico necessita da
compreensão de todas as pessoas que convivem próximas a ele, pois encontra
grandes dificuldades nas coisas que parecem óbvias.
ALGUMAS SUGESTÕES DE JOGOS
JOGO DOS CUBOS E DAS GARRAFAS
Inicialmente procuramos deixar
a criança a vontade e descontraída realizando algumas perguntas para quebrar o
gelo. Em seguida deixamos á disposição da criança algumas folhas de papel,
caneta e lápis coloridos para realização de desenhos.
Entregue algumas garrafas de
plásticos de tamanhos bem diferentes e alguns cubos de madeira coloridos e
pedido para que ela enfileirasse os objetos sem observar regras. E depois foi
solicitado que separasse as garrafas maiores das menores, comparando os
tamanhos e verbalizando os conceitos de “grande” e “pequeno”.
Esta atividade visa verificar
as noções de tamanho (grande/pequeno) e a capacidade de percepção espacial e a
atenção da criança.
JOGO DAS GARRAFAS COLORIDAS
Selecione
oito garrafas de plástico de medidas diferentes, a 1ª com 15 cm de altura, as
outras com 12,5 cm, 10 cm, 7 cm, 5,25 cm, 4,0 cm e 3,5 cm com acabamento de
fitas colantes nas beiradas.
A criança deve que ordenar as
garrafas em tamanho, agrupando as de tamanhos quase iguais ou diferentes,
ordenando-as em fileiras, da menor para a maior e da maior para a menor.
Mesmo havendo um pouco de
demora na arrumação das garrafas, a tarefa é realizada sem problemas; a criança
comparava os tamanhos e ordenava conforme solicitado (da maior para a menor,
juntar as pequena separando das maiores, etc). Esta atividade tem como objetivo
verificar as noções de tamanho (maior/menor) e estimular a coordenação motora e
a contagem.
JOGO DE DOMINÓ
Colocamos a disposição da
criança um jogo de dominó.
A criança deve ordenar as peças
de acordo com a numeração de bolinhas contidas nas extremidades, utilizando as
regras do dominó. À medida que é apresenta uma peça o aluno teve que colocar a
correspondente.
A criança apresenta
inicialmente certa dificuldade em entender o jogo e em colocar a peça adequada
conforme o número de bolinhas da outra peça.
Depois de ensinado o jogo e
dado exemplos, a criança executa a atividade de forma satisfatória se mostrando
interessada pelo jogo.
Esta atividade visa desenvolver
a percepção do sistema de numeração e estimular
a associabilidade, a noção de
sequência e a contagem.
BOTÕES MATEMÁTICOS
Separamos botões de várias
cores e tamanhos, selecionados por cores e tamanhos. 15 botões brancos, outros
tantos azuis e assim por diante.
A criança é orientada a separar
botões por tamanhos, na quantidade solicitada, utilizando barbante e folha de
papel.
Embora a criança coloque os
botões nas quantidades corretas no barbante, ela não conseguia relacionar com
os termos “dúzia” e “dezena”.
Esta atividade permite
identificar, com facilidade se a criança domina as noções de “meia dúzia”, “uma
dúzia”, “uma dezena” e levar o aluno à descoberta de que duas “meias dúzias”
formam uma “dúzia”.
Tem como objetivo desenvolver a habilidade de compreensão
de sistemas de numeração, a coordenação motora e a orientação espacial.
Fonte: http://educacaoluziania.go.gov.br/master/sala_professores/dicas/material_de_apoio_para_discalculia.pdf
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