domingo, 10 de março de 2013

MATERIAL DE APOIO PARA O PROFESSOR TRABALHAR COM ALUNOS COM DISCALCULIA

DISCALCULIA - O QUE É?

A matemática para algumas crianças ainda é um bicho de sete cabeças. Muitos não compreendem os problemas que a professora passa no quadro e ficam muito tempo tentando entender se é para somar, diminuir ou multiplicar; não sabem nem o que o problema está pedindo. Alguns, em particular, não entendem os sinais, muito menos as expressões. Contas? Só nos dedos e olhe lá.
No entanto, em outros casos a dificuldade pode ser realmente da criança e trata-se de um distúrbio e não de preguiça como pensam muitos pais e professores.
Em geral, a dificuldade em aprender matemática pode ter várias causas, dentre elas a discalculia.
A discalculia é um distúrbio neurológico que afeta a habilidade com números. É um problema de aprendizado independente, mas pode estar também associado à dislexia. Tal distúrbio faz com que a pessoa se confunda em operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, sequência numéricas, ao realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da matemática no dia-a-dia.
Pode ocorrer como resultado de distúrbios na memória auditiva, quando a pessoa não consegue entender o que é falado e consequentemente não entende o que é proposto a ser feito, distúrbio de leitura quando o problema está ligado à dislexia e distúrbio de escrita quando a pessoa tem dificuldade em escrever o que é pedido (disgrafia).
É muito importante buscar auxílio para descobrir a discalculia ou não no período escolar quando alguns sinais são apresentados, pois alguns alunos que são discalcúlicos são chamados de desatentos e preguiçosos quando possuem problemas quanto à assimilação e compreensão do que é pedido.
Também é de grande importância ressaltar que o distúrbio neurológico que provoca a discalculia não causa deficiências mentais como algumas pessoas questionam. Por Gabriela Cabral Equipe Brasil Escola
Na área da neuropsicologia as áreas afetadas são:
ü Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta a leitura e compreensão dos problemas verbais, compreensão de conceitos matemáticos;
ü Lobos frontais dificultando a realização de cálculos mentais rápidos, habilidade de solução de problemas e conceitualização abstrata.


ü Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultando a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.
ü Lobo temporal esquerdo dificultando memória de séries, realizações matemáticas básicas.

TIPOS DE DISCALCULIA

1. Discalculia Verbal - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
2. Discalculia Practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
3. Discalculia Léxica - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
4. Discalculia Gráfica - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.
6. Discalculia Operacional - Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

Os processos cognitivos envolvidos na discalculia são:
ü Dificuldade na memória de trabalho;
ü Dificuldade de memória em tarefas não verbais;
ü Dificuldade na soletração de não palavras (tarefas de escrita);
ü Não há problemas fonológicos;
ü Dificuldade na memória de trabalho que implica contagem;
ü Dificuldade nas habilidades visuoespaciais;
ü Dificuldade nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

QUAIS OS COMPROMETIMENTOS?
ü Organização espacial;                                    
ü Autoestima;
ü Orientação temporal;
ü Memória;
ü Habilidades sociais;
ü Habilidades grafomotoras;
ü Linguagem/leitura;
ü Impulsividade;
ü Inconsistência (memorização)

O QUE OCORRE COM CRIANÇAS QUE NÃO SÃO TRATADAS PRECOCEMENTE?
ü Comprometimento do desenvolvimento escolar de forma global
ü O aluno fica inseguro e com medo de novas situações
ü Baixa autoestima devido a críticas e punições de pais e colegas
ü Ao crescer o adolescente / adulto com discalculia apresenta dificuldade em utilizar a matemática no seu cotidiano.

CARACTERÍSTICAS DO DISCALCULICO
ü Lentidão extrema da velocidade de trabalho, pois não tem os mecanismos necessários. (tabuada decorada, sequências decoradas)
ü Problema com orientação espacial: não sabe posicionar os números de uma operação na folha de papel, gasta muito espaço, ou faz contas “apertadas” num cantinho da folha.
ü Dificuldades para lidar com operações (soma subtração, multiplicação, divisão)
ü Dificuldade de memória de curto prazo (tabuadas (muita carga para a memória), fórmulas.)
ü Não automatiza informações –memória de trabalho- (armazenar e buscar o que foi ensinado).
ü Dificuldade de memória de longo prazo (esquece o que é para fazer de lição) Dificuldade em lidar com grande quantidade de informação de uma vez só.
ü Confusão de símbolos ( = + - : . < >)
ü Dificuldade para entender palavras usadas na descrição de operações matemáticas como “diferença”, “soma”, “total”,” conjunto”, “casa”, “raiz quadrada”.
ü Tendência a transcrever números e sinais erradamente , quando desenvolvendo um exercício como uma expressão, por exemplo. Isso é devido ao seu problema de sequênciação.
ü Alguns problemas associados com a discalculia provém das dificuldades com processamento de linguagem e sequências, característico da dislexia.


ü A criança com discalculia pode ser capaz de entender conceitos matemáticos de um modo bem concreto, uma vez que o pensamento lógico está intacto, porém tem extrema dificuldade em trabalhar com números e símbolos matemáticos, fórmulas, e enunciados.
ü Ela é capaz de compreender a matemática representada simbolicamente ( 3+2=5 ),
ü Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior;
ü Conservar a quantidade: não compreendem que 1 quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.
ü Sequenciar números: o que vem antes do 11 e depois do 15 – antecessor e sucessor.
ü Classificar números.
ü Compreender os sinais +, - , ÷, ×.
ü Montar operações.
ü Entender os princípios de medida.
ü Lembrar as sequências dos passos para realizar as operações matemáticas.
ü Estabelecer correspondência um a um: não relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
ü Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito.
ü Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade com um compasso.
ü A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.
ü Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc.
ü Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer cálculos seja necessário.
ü Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo.
ü Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos.
ü A inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluir no orçamento, nivela às vezes em um nível básico, por exemplo, estimar o custo dos artigos em uma cesta de compras.
ü Tem dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância.


ü Inabilidade em apreender e recordar conceitos matemáticos, regras, fórmulas, e sequências matemáticas.
ü Dificuldade de manter a contagem durante jogos.
ü Dificuldade nas atividades que requerem processar sequencias (etapas de dança), sumário (leitura, escrita, sinalizar na ordem direita). Pode ter problema mesmo com uma calculadora, devido às dificuldades no processo da alimentação nas variáveis.
ü A circunstância pode conduzir em casos extremos a uma fobia da matemática e de dispositivos matemáticos (por exemplo números).

DICAS PARA O PROFESSOR
ü Evitar ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais;
ü Evitar mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala;
ü Evitar corrigir o aluno frequentemente diante da turma, para não o expor;
ü Evitar ignorar a criança em sua dificuldade.
ü Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter conseguido;
ü Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que precisar;
ü Proponha jogos na sala;
ü Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;
ü Procure usar situações concretas, nos problemas.
ü Os jogos irão ajudar na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades espaciais, contagem.
ü O uso do computador é bastante útil, por se tratar de um objeto de interesse da criança.
ü Fazer uso de calculadora,
ü Fazer uso de tabuada,
ü Fazer uso de caderno quadriculado;


ü Realizar questões diretas e se ainda tiver muita dificuldade, o professor ou colega de trabalho pode fazer seus questionamentos oralmente para que o problema seja resolvido.
ü Estimular a inteligência lógico matemática através de jogos com a utilização de matérias de fácil aquisição (garrafas pets, madeira, fitas, jogos, quebra-cabeça etc),
ü Permita-o manusear os objetos, classificando-os em conjuntos, que abotoa sua roupa e percebe simetria, que amarra seu sapato e descobre os percursos do cadarço, mas também a que “arruma” sua mesa ou sua mochila está construindo relações, ainda que não seja a mesma lógica que “faz sentido ao adulto
ü Utilizar jogos para fixar a conceituação simbólica das relações numéricas e geométricas e que, portanto, abrem para o cérebro as percepções do “grande” e do “pequeno”, do “fino” e do “grosso”, do “largo” e do “estreito”,o “alto” e do “baixo”.

O discalcúlico necessita da compreensão de todas as pessoas que convivem próximas a ele, pois encontra grandes dificuldades nas coisas que parecem óbvias.
ALGUMAS SUGESTÕES DE JOGOS

JOGO DOS CUBOS E DAS GARRAFAS

Inicialmente procuramos deixar a criança a vontade e descontraída realizando algumas perguntas para quebrar o gelo. Em seguida deixamos á disposição da criança algumas folhas de papel, caneta e lápis coloridos para realização de desenhos.
Entregue algumas garrafas de plásticos de tamanhos bem diferentes e alguns cubos de madeira coloridos e pedido para que ela enfileirasse os objetos sem observar regras. E depois foi solicitado que separasse as garrafas maiores das menores, comparando os tamanhos e verbalizando os conceitos de “grande” e “pequeno”.
Esta atividade visa verificar as noções de tamanho (grande/pequeno) e a capacidade de percepção espacial e a atenção da criança.

JOGO DAS GARRAFAS COLORIDAS

Selecione oito garrafas de plástico de medidas diferentes, a 1ª com 15 cm de altura, as outras com 12,5 cm, 10 cm, 7 cm, 5,25 cm, 4,0 cm e 3,5 cm com acabamento de fitas colantes nas beiradas.
A criança deve que ordenar as garrafas em tamanho, agrupando as de tamanhos quase iguais ou diferentes, ordenando-as em fileiras, da menor para a maior e da maior para a menor.
Mesmo havendo um pouco de demora na arrumação das garrafas, a tarefa é realizada sem problemas; a criança comparava os tamanhos e ordenava conforme solicitado (da maior para a menor, juntar as pequena separando das maiores, etc). Esta atividade tem como objetivo verificar as noções de tamanho (maior/menor) e estimular a coordenação motora e a contagem.

JOGO DE DOMINÓ

Colocamos a disposição da criança um jogo de dominó.
A criança deve ordenar as peças de acordo com a numeração de bolinhas contidas nas extremidades, utilizando as regras do dominó. À medida que é apresenta uma peça o aluno teve que colocar a correspondente.
A criança apresenta inicialmente certa dificuldade em entender o jogo e em colocar a peça adequada conforme o número de bolinhas da outra peça.
Depois de ensinado o jogo e dado exemplos, a criança executa a atividade de forma satisfatória se mostrando interessada pelo jogo.
Esta atividade visa desenvolver a percepção do sistema de numeração e estimular
a associabilidade, a noção de sequência e a contagem.

BOTÕES MATEMÁTICOS

Separamos botões de várias cores e tamanhos, selecionados por cores e tamanhos. 15 botões brancos, outros tantos azuis e assim por diante.
A criança é orientada a separar botões por tamanhos, na quantidade solicitada, utilizando barbante e folha de papel.
Embora a criança coloque os botões nas quantidades corretas no barbante, ela não conseguia relacionar com os termos “dúzia” e “dezena”.
Esta atividade permite identificar, com facilidade se a criança domina as noções de “meia dúzia”, “uma dúzia”, “uma dezena” e levar o aluno à descoberta de que duas “meias dúzias” formam uma “dúzia”.
Tem como objetivo desenvolver a habilidade de compreensão de sistemas de numeração, a coordenação motora e a orientação espacial.


Fonte: http://educacaoluziania.go.gov.br/master/sala_professores/dicas/material_de_apoio_para_discalculia.pdf

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